Deu no BLOG da Kátia Persovisan
Assisti e li nesses últimos dias à caçada que a Polícia Federal tem empreendido para encontrar um prefeito do interior do Estado que, dizem, amealhou R$ 50 milhões de verbas públicas. A população da cidade assiste a tudo como se fosse uma grande novela mirabolante, com direito a trilha sonora, mocinhos e segredos.
Mas o que me espanta mesmo é o conformismo que toma conta de todos nós diante de situações como essa. Sim, conformismo. Como é que nós achamos “normal” alguém que do dia para a noite começa a ostentar carros caros, compra apartamentos e mais apartamentos e vive com roupas de grifes só porque passou a ser prefeito? Não sei, há algo muito estranho nessa nossa passividade bovina.
Soube de um colega que vende apartamentos de luxo que a maioria dos compradores é prefeito ou prefeita de alguma dessas cidadezinhas miseráveis onde a população só vê dinheiro no começo do mês, quando alguns recebem o dinheiro da aposentadoria ou do bolsa-família. “Eles chegam aqui e na hora de informar a profissão, dizem “sou prefeito”, conta o colega.
Como assim, profissão? Será que eles não sabem que esse é um cargo público que deve ser conquistado no voto da confiança de cada cidadão e que uma vez investidos no cargo, estão com o desafio enorme de gerir recursos que não são deles? Não, senhores, eles não sabem. Ou pior, fingem não saber. Surrupiam o dinheiro da merenda e do remédio, enganam as mentes incautas e muitas vezes vêm para a capital desfilar seus luxos conseguidos à custa de muito engano e roubo.
E o pior de tudo é que a população não se revolta, não protesta, não vai à luta. Uns dizem “é assim mesmo”, outros preferem dar de ombros. E o Ministério Público - salvo honrosas exceções de promotores que respeitam e procuram seguir a Constituição e as leis – é omisso e inoperante.
Martin Luther King dizia que o que assusta não é a violência dos maus, mas o silêncio dos bons. Talvez umas duas ou três gerações depois de nós saibam utilizar um dos maiores instrumentos da democracia que é a participação popular e quem sabe, não haverá mais quem tenha a coragem de dizer que ser prefeito é profissão.
_________________________________________________
É, TEM COISAS QUE SÓ ACONTECEM EM TUTOIA, E EM OUTROS LUGARES TAMBÉM.
Se prefeito não fosse uma "atividade remunerada" - de inúmeras formas, diga-se de passagem- eu queria ver quem se habilitava pro cargo...
ResponderExcluir